Nenhum Direito a menos, avançar na luta

01/02/09

A atual crise do Capital tem proporções gigantescas, apenas vistas no inicio do século passado. Ao contrário do que dizem seus porta vozes no Estado e nos meios de comunicação, não se trata de uma crise de crédito, ou da gigantesca especulação financeira que rola no grande cassino dos mercados de ações.

Sua origem vem da super produção, ou seja, as grandes multinacionais intensificaram a exploração sob a classe trabalhadora e ao mesmo tempo investiram pesado em tecnologia, dessa forma mesmo batendo todos os recordes de produção e lucros nos últimos anos. São reféns de sua própria fórmula: ao investirem pesado em capital constante viram sua taxa de lucro despencar.

As saídas que os capitalistas buscam são as mesmas e dessa vez pelo tamanho gigantesco da crise o impacto contra a classe trabalhadora será devastador: demissões, férias coletivas, PDV e a principal de todas elas: a diminuição do valor da força de trabalho, aumento dos exércitos industriais de reserva.

A crise que começou no coração do Império, se alastrou pela Europa e Ásia já chegou ao Brasil. Sendo assim o discurso do governo Lula caiu por terra, pois, só nos últimos 3 meses mais de R$ 200 bi já foram utilizados pelo Estado para “ajudar” as empresas.

Mas essa ajuda não é a mais importante, eles precisam e querem mais. No último dia 13 o presidente da Companhia Vale em entrevista revelou sua conversa com o Presidente: reivindicou ao governo um “regime de exceção” na legislação trabalhista, ou seja, redução de direitos e salários enquanto eles se recuperam para uma nova fase de concentração de riquezas e lucros.

A mesma Vale que anunciou a demissão de 5 mil trabalhadores e que agora reivindica do Estado a suspensão temporária dos direitos trabalhistas, é a mineradora que mais lucrou nos últimos anos no mundo, fruto do processo de exploração contra a classe.

O presidente que só ouviu num primeiro momento, nessa semana já se colocou a disposição do empresariado para mediar mais um pacto entre empresas e sindicatos, para isso os Ministérios do Trabalho e da Previdência já preparam uma agenda para o consenso.

A CUT emitiu nota chamando a atitude dos empresários de oportunista, mas nada falou do movimento do governo em gestar mais um pacto onde os trabalhadores serão atacados, ao contrário apoiou a iniciativa do Estado em mais uma vez isentar as empresas de impostos. Ou seja, acatando o que manda o governo, a Central vai se mobilizar no sentido de imobilizar os trabalhadores.

Não poderia ser diferente. A CUT tenta reeditar o episódio das Câmaras Setoriais ocorrido no inicio da década de 90. Com o argumento de defender empregos os metalúrgicos do ABC realizaram o primeiro grande pacto com o Capital que não garantiu empregos, mas sim os interesses dos empresários em diminuir o valor da força de trabalho.

A partir dessa experiência a CUT foi gestora de tantos outros acordos que garantiram mais lucros aos patrões e mais derrotas aos trabalhadores: banco de horas, diminuição de salários, redução de direitos.


Os patrões irão demitir de qualquer forma, agora querem se aproveitar do período de crise para fazer os ajustes necessários para seguirem explorando mais os trabalhadores: por isso querem acordos que diminuam a jornada, com a diminuição dos salários, demitirem para terceirizar, precarizar as contratações e depois recontratar com salários menores ainda.

Por isso a única saída da classe trabalhadora segue sendo sua luta contra os ataques impostos pelo Capital.

A Intersindical junto com várias organizações do movimento sindical e popular que não se renderam ao pacto com o Capital e a submissão ao governo federal está organizando desde já uma ação que começa a partir da base, dos locais e trabalho e moradia.

Organizar a luta com o conjunto da classe trabalhadora para construir as mobilizações, greves e ocupações necessárias para:

- Em defesa do emprego: pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário e pelas Convenções 151 e 158 da OIT.

- Por estabilidade no emprego. Ao invés de incentivos fiscais, punição para as empresas que demitem.

- Contra qualquer medida contra os direitos da classe trabalhadora: nem reformas ou regimes de exceção que visem atacar os direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais.

- Seguir lutando como resposta concreta à criminalização do movimento sindical, popular e da pobreza, que passa por demissões dos lutadores, assassinatos, interditos proibitórios e chacinas nas cidades e no campo contra população trabalhadora.

- Não pagamento das dívidas interna e externa.

- Estatização das empresas sob controle dos trabalhadores.

Nossa luta não será fácil e nem pequena, mas ao retomarmos nossa ação que extrapola as categorias e suas formas de contratação, nos enxergando como classe trabalhadora produtora de riqueza vamos ser capazes de enfrentar o Capital, seu Estado e os instrumentos criados por nós que se transformaram em seu contrário.

Contra o Pacto gestado pelas centrais sindicais pelegas com os patrões e o governo!
Não vamos garantir empregos e direitos nos rendendo aos interesses do Capital!

Construir a luta em unidade com todos aqueles que não se renderam ao Capital e seu Estado!

Organizar a partir da base nossa luta por nenhum direito a menos!

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