O Metalúrgico #442

11 de novembro de 2016

Índice:

-Lucro aumenta, preço do aço sobe, os acionistas fazem a festa, enquanto os trabalhadores sofrem com o arrocho salarial e a piora das condições de trabalho;
-Patrões e governos querem arrancar tudo de nós;
-Contra a criminalização das organizações dos trabalhadores;
-Mais um acidente grave dentro da Usiminas: agora com a ponte-rolante no pátio de placas;
-E o drama dos vestiários continua;
-Falta de iluminação e focos de dengue na usina;
-Ritmo acelerado e mais pressão na Amoi e nas contratadas;
-Zé Protesto;



Lucro aumenta, preço do aço sobe, os acionistas fazem a festa, enquanto os trabalhadores sofrem com o arrocho salarial e a piora das condições de trabalho

No dia 28/11, a Usiminas divulgou o balanço do 3º trimestre de 2016 que foi comemorado pelos acionistas: a Receita líquida aumentou 11,7% em relação ao último trimestre. O EBTDA do terceiro trimestre de 2016 foi de R$ 306,9 milhões e seu lucro líquido foi de R$ 219,19 milhões.

Também no terceiro trimestre as ações da Usiminas tiveram aumento de 86,0%, a produção de aço aumentou, principalmente de chapas grossas que tiveram aumento de 30,5% comparado ao segundo trimestre. As vendas de aço aumentaram e o preço também, subindo mais de 35%. E tudo isso aumentando ainda mais a exploração contra os trabalhadores.

O relatório que mostra o aumento dos lucros da Usiminas, também mostrou que ela reduziu em 17,6% os custos com a força de trabalho dos trabalhadores efetivos e dos que trabalham nas terceirizadas e fez isso dando calote no que deve, aumentando o arrocho salarial. Ou seja, enquanto a Usiminas aumenta seus lucros, os trabalhadores amargam mais arrocho salarial, desrespeito aos direitos e piores condições de trabalho.

Troféu por mais exploração: E na última semana de outubro, a Usiminas recebeu mais um prêmio na categoria “Tradição”, num evento que aconteceu em Belo Horizonte(MG), e que a empresa fez questão de divulgar na intranet.

Enquanto o presidente da Usiminas passeia por aí recebendo troféus e os acionistas comemoram os lucros, os trabalhadores amargam o massacre nos empregos, o arrocho salarial e as péssimas condições de trabalho.



Patrões e governos querem arrancar tudo de nós

O governo Temer/PMDB para atender os interesses dos patrões, avança contra os direitos da classe trabalhadora. Sua proposta é desmontar a Previdência, ao tentar aumentar a idade para aposentadoria, obrigando os trabalhadores a trabalhar por 50 anos e ao cancelar os auxílios previdenciários dos trabalhadores que não têm nenhuma condição de retornar ao trabalho.

O que o governo chama de reforma trabalhista, na realidade é acabar com os direitos que temos: a proposta do governo é aumentar a jornada de trabalho, piorar a contratações de trabalho permitindo aos patrões reduzir salários e eliminar direitos.
 

Por isso é hora de, juntos com nossa classe, avançarmos na luta, pois é parando a produção que vamos parar o ataque aos nossos direitos



Contra a criminalização das organizações dos trabalhadores

Na manhã do dia 4 aconteceu mais uma ação contra a luta dos trabalhadores, iniciando um processo de perseguição aos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST.

A violência do Estado se impôs também na Escola Nacional Florestan Fernandes, um espaço do MST aberto para a formação, onde a Polícia invadiu, atirando com armas letais contra os trabalhadores.

É a mesma Polícia que reprime diariamente as manifestações nas fábricas e nas ruas contra os ataques dos patrões e do governo aos direitos da classe trabalhadora.

Quando não são as balas e bombas, o Judiciário entra em cena com seus interditos proibitórios para tentar impedir as greves e os legítimos piquetes. E com a aprovação da Lei 12.850, proposta ainda no governo Dilma/PT, tentam enquadrar como organização criminosa, as organizações dos trabalhadores e dos movimentos sociais.

É o Estado avançando com seu braço armado e seu Judiciário contra a luta da classe trabalhadora. E nossa resposta à mais esse ataque, é solidariedade ativa e a ampliação de nossas lutas.
 

Toda à solidariedade aos companheiros do MST! Abaixo a Repressão aos Trabalhadores!
Contra a invasão de seus instrumentos de luta! Pela libertação imediata dos trabalhadores rurais sem terra!



Mais um acidente grave dentro da Usiminas: agora com a ponte-rolante no pátio de placas

Na última sexta-feira, aconteceu um acidente gravíssimo. A tenaz da PR Nº362 arriou sobre a mesa de rolos da Máquina de Escarfagem sem que fosse dado qualquer comando. O acidente poderia ter sido muito pior se a ponte estivesse transportando alguma placa de aço com cerca de 20 toneladas através dos pátios, onde trabalhadores transitam.

A falta de recurso em material sobressalente, o ritmo alucinante de trabalho, a falta de manutenção preventiva é o que provoca o aumento dos acidentes e doenças.

Além disso, muitas vezes as pontes apresentam problemas, mas mesmo assim por exigência da direção da usina continuam em operação para atingir a meta de produção.

A equipe técnica de ponte rolante que ficou tem que se desdobrar de todos os jeitos e muitas vezes, ao invés de estarem fazendo inspeção, são obrigados a executarem outras tarefas. Porque depois das demissões em massa, quem ficou tem que trabalhar por três.

E o gerente geral da Manutenção, ao invés de garantir EPI e a devida proteção coletiva para preservar a saúde dos trabalhadores, fica criando leis mirabolantes (como o porte de luva obrigatório até para entregar papel) e desrespeitando os trabalhadores.

Nesta mesma semana, ocorreu também um acidente na área do porto com a queda de uma bobina no porão do navio, devido o ritmo alucinante de trabalho e a falta de pessoal.



E o drama dos vestiários continua

Agora a novidade da Usiminas é obrigar os trabalhadores a assinar um termo de responsabilidade sobre o armário. Nesse termo diz que não pode colocar adesivos nas portas nem pendurar as toalhas entre outros absurdos.

A Usiminas só cobra e não garante as mínimas condições, pois nem lugar adequado para pendurar as toalhas tem, e a limpeza se reduz hoje a troca de lixo. Só pra se ter uma ideia, o vestiário do LTF parece um buraco escuro, sujo, com os armários danificados e vazamentos de água no teto, além do vaso sanitário sem condição de uso (foto).

Enquanto a Usiminas apronta mais esse desrespeito, a produção mensal de bobinas a frio no LTF só cresce e já está em cerca de 55 mil toneladas por mês, fruto do trabalho dos trabalhadores que sofrem até na hora de usar o vestiário.



Falta de iluminação e focos de dengue na usina

O tal de acesso “seguro”, de seguro nada tem. Entre o pátio de placas e o restaurante do LTQ 2, o caminho está sem iluminação e os trabalhadores das 15h e 0h fazem o trajeto a pé e no escuro.

E nas áreas desativadas estão sendo encontrados vários objetos, peças de máquinas e sucatas entulhadas. Em alguns lugares, como áreas próximas ao Alto Forno 1, já encontraram pontos com água parada, o que ajuda na criação do mosquito da Dengue.



Ritmo acelerado e mais pressão na Amoi e nas contratadas

A sobrecarga de trabalho aumenta cada vez mais nas terceirizadas. As equipes que têm em média quatro trabalhadores são obrigadas a pegar mais de 10 ordens de manutenção e tudo para o mesmo dia.

Os trabalhadores estão cada vez mais sobrecarregados, indo de uma área para a outra, executando serviços sem parar, sendo que muitas vezes as empresas não fornecem nem o material para realizar o trabalho.

E tem mais: os trabalhadores na ENESA estão sem ônibus para voltar ao canteiro ao fim da jornada, os ônibus só levam os trabalhadores na hora de começar o trabalho, depois o trabalhador tem que se virar para voltar a pé.



Zé Protesto

“Zé, o teto do ônibus CB13 (prefixo 4113) parece mais uma peneira, está cheio de goteira no teto. E o ônibus PG 02 está super lotado em alguns dias da semana. Os trabalhadores do horário das 15h e que moram na curva do “S” estão chegando em casa em torno de uma 1h da manhã.”
- Enquanto os trabalhadores tomam chuva e se espremem nos ônibus, os acionistas da Usiminas estão numa boa com seus carrões.
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“Zé, a nova piada de mal gosto da Usiminas é distribuir colantes para os capacetes com a frase: “SOU DONO DE MINHA ÁREA DE TRABALHO”.
- Na hora de esconder os acidentes, doenças e mortes no local de trabalho, aí a Usiminas tem a cara de pau de vir com essa, para tentar responsabilizar quem é vítima das condições de trabalho. E vou avisar mais uma vez esses chefetes que estão se achando: Como o chefe das 7 horas no pátio de placas que se acha o dono da empresa, fica feito um louco exigindo mais produção, fazendo intriga entre trabalhadores da manutenção e operação e colocando operadores pra fazer rodízio nas máquinas. Se toca chefete, as denúncias das péssimas condições de trabalho vão continuar. E foi fruto das nossas denúncias sobre a falta de ar-condicionado na PR 361 que o problema foi resolvido
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