O Metalúrgico #489

01 de novembro de 2017

Índice:

-Lucro líquido acumulado de R$ 644 milhões. R$ 360 milhões de lucro, só no terceiro trimestre;
-Risco de grave acidente no Recozimento. A direção da usina sabe disso, mas até agora não fez nada para garantir proteção aos trabalhadores;
-E os problemas nos vestiários continuam;
-Ritmo alucinante e jornadas irregulares;



Lucro líquido acumulado de R$ 644 milhões. R$ 360 milhões de lucro, só no terceiro trimestre

De onde vem tudo isso? Do trabalho de quem está exposto à riscos cada vez maiores à saúde e recebendo um salário cada vez mais arrochado.

No boletim anterior do Sindicato mostramos os números da própria Usiminas que revelam que os lucros não param de crescer e isso, fruto do profundo arrocho salarial contra os trabalhadores e da pressão cada vez maior em todas as áreas por mais produção.

E no final da semana passada a direção da usina divulgou os resultados do terceiro trimestre: um lucro líquido de R$ 360 milhões e o acumulado do ano já está em R$ 644 milhões.


Não se engane, pois enquanto os acionistas comemoram os lucros, a situação dos trabalhadores é cada vez pior

A própria direção da usina afirma que a expansão dos lucros está relacionada as ações que têm implementado nos últimos dois anos, ou seja, demitiu em massa, impôs mais arrocho salarial, abocanhando parte das perdas salarias dos trabalhadores em todas as plantas e aumentou a pressão em cima de cada trabalhador.

Basta ver a realidade de quem garante a produção: dobras e entradas antecipadas, quem ficou na área é obrigado a trabalhar por três e em péssimas condições de trabalho e a pressão das chefias com o tal programa de “Gestão de Consequência” aumentou ainda mais.

Se o resultado para os acionistas, é a comemoração dos lucros que crescem a cada dia, para os trabalhadores não há o que comemorar. E não adianta esperar que os acionistas dividam a fatia do bolo dos lucros.

Esse lucro é fruto do trabalho dos trabalhadores que são obrigados a executar suas funções em condições cada vez piores. Novamente a produção de laminado à quente desse mês ultrapassou a meta imposta pela gerência, ou seja, é lucro que não para de crescer gerado pelos trabalhadores que sofrem com as péssimas condições de trabalho.

Para mudar essa situação é preciso se colocar em movimento. Pois se depender da direção da Usiminas, o que vai aumentar para os trabalhadores não é o salário, mas sim a pressão por mais produção e sob condições desumanas de trabalho.


São os trabalhadores que garantem o lucro da empresa e nossa voz só é ouvida, no passo firme da luta por mais salários, por respeito aos direitos e por melhores condições de trabalho. Direitos, salários e empregos garantimos através de nossa luta, não na ilusão de que sem movimento, o patrão vai respeitar o que é seu.



Risco de grave acidente no Recozimento. A direção da usina sabe disso, mas até agora não fez nada para garantir proteção aos trabalhadores

Há mais de dez anos ocorreu um acidente grave no Recozimento 1 que provocou queimadura graves num trabalhador quando fazia o desligamento de um dos fornos daquela planta.

Um dos planos da direção da usina para evitar outros acidentes foi a instalação das “cupilhas” que impedem o desprendimento dos magotes dos fornos, caso não esteja bem acoplado na tubulação de gás.

E desde então no Recozimento 2, todos os fornos têm cupilhas, mas no Recozimento 1, que foi reativado depois de 07 anos, às pressas por causa do aumento da produção, não havia esse dispositivo de travamento no local, que só agora, depois da cobrança insistente da direção do Sindicato, estão sendo confeccionados para serem instalados quem sabe, ainda esta semana.

Na manutenção dobras, entradas antecipadas e mais pressão

A situação dos trabalhadores dos setoresde manutenção na laminação à frio está cada dia pior, a mesma realidade vivida pelos trabalhadores da operação.

Os trabalhadores da manutenção do turno realizam dobras constantes, os técnicos de manutenção que trabalham no horário administrativo, dobram constantemente até as 21h e são obrigados a fazerem plantões aos sábados, domingos e feriados.

Além das dobras, trocas de horário, nas chamadas de emergência na maioria das vezes os trabalhadores se deslocam com veiculo próprio e quando não, retornam em táxis lotados, sem receberem a hora de chamada de emergência.



E os problemas nos vestiários continuam

Forro e luminárias do vestiário da VIX no LTQ 2 estão caindo e no quadro de luz tem vazamento de água. No vestiário da Escarfagem o forro também está caindo. O SIASSO também foi aberto e nada. E tem mais: os ventiladores estão imundos cheios de pó e o cheiro de esgoto está impregnado no local. E o que fez a Usiminas? Teve a cara de pau de mandar colocar tiras de plástico na entrada de acesso aos chuveiros que não ajudam em nada.

E o vestiário do LTF também está num estado deplorável com vazamentos, entupimentos, sujeira e falta iluminação.



Ritmo alucinante e jornadas irregulares

Nas oficinas da manutenção central o ritmo está cada dia mais intenso com jornadas absurdas e irregulares de até 16 horas.

A Usiminas está obrigando os trabalhadores a jornadas de trabalhos que acabaram há um século. Vale lembrar que na greve geral de 1917, uma das principais reivindicações dos trabalhadores era a redução da jornada que chegava as 16 horas diárias.

Fruto da greve garantimos a redução da jornada e melhores condições de trabalho que a Usiminas tem desrespeitado constantemente.

Por causa da pressão por mais produção, os equipamentos são degradados mais rapidamente e por isso, o número de intervenções da manutenção aumenta.

As chefias sabem de tudo isso e não fazem nada pois estão juntos com a direção da usina em mais essa prática que desrespeita direitos e coloca a vida dos trabalhadores em risco.

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