O Metalúrgico #147

03 de março de 2011

Índice:

-Em defesa da vida e da saúde, mobilização une conjunto dos trabalhadores da Usiminas;
-Demissões geram clima de intranquilidade na área;
-Proposta visa garantir a Saúde e Segurança dos trabalhadores;
-Você não está só. A luta é simultânea;
-Zé Protesto;



Em defesa da vida e da saúde, mobilização une conjunto dos trabalhadores da Usiminas

A mobilização realizada na semana passada reuniu a maioria dos trabalhadores dentro da Usiminas, os efetivos da siderúrgica, os trabalhadores nas contratadas, terceirizadas e na construção civil. Juntos conosco estavam os Sindicatos dos Metalúrgicos de Campinas, Limeira, São José dos Campos, Bancários e Servidores de Santos e a Intersindical.

Desde 93 perdemos mais de 50 companheiros em acidentes fatais provocados pelas péssimas condições de trabalho impostas pela direção da empresa. Além das mortes, são milhares de trabalhadores vitimas de doenças provocadas pelo trabalho.

Nosso Sindicato desde 2005 faz parte da campanha unificada com os Sindicatos dos Metalúrgicos de Campinas, Limeira e São José dos Campos. Nessas regiões a Convenção Coletiva de Trabalho garante estabilidade no emprego até a aposentadoria para todo/a trabalhador/a vitima de acidente e doença provocada pelo trabalho que tenham deixado sequela permanente.

Aqui na Baixada Santista, em nossa Campanha Salarial, além de lutar por aumento salarial, também temos que ampliar a mobilização para garantir essa clausula no acordo coletivo e exigir melhores condições de trabalho. Na assembleia que atrasou a produção em mais tres horas, decidimos que o prazo limite para a direção da empresa iniciar as mudanças necessárias no processo de trabalho para garantir condições básicas de proteção coletiva à vida e a saúde dos trabalhadores, é de 30 dias.

Não podemos deixar impunes as mortes provocadas pelas condições de trabalho impostas pelos patrões. Além de responsabilizar judicialmente a empresa, o mais importante é seguirmos na luta. A manifestação do dia 24 foi o início das mobilizações por nenhum direito a menos e para avançar nas conquistas.


Essa luta é de todos os trabalhadores que estão na Usiminas

A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Santos e região, como em todas as outras manifestações que realizamos na Usina, foi chamada para participar, mas novamente se negou a estar junto com os trabalhadores. A luta que estamos fazendo em defesa da vida e da saúde dos trabalhadores não é uma luta exclusiva dos efetivos na Usiminas, mas sim de todos os que estão na fabrica sofrendo com as péssimas condições de trabalho. Já não é de hoje que os trabalhadores na construção civil reclamam da ausência do seu Sindicato. Os companheiros por muitas vezes realizaram paralisações e greves e não tiveram a presença do sindicato que os representa, pois quem está na diretoria da entidade está  preocupado em agradar os patrões.

Por isso os trabalhadores na construção civil decidiram durante a manifestação do dia 24, que se o Sindicato que os representa continuar a fazer o jogo do patrão, a categoria vai seguir a luta com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos.



Demissões geram clima de intranquilidade na área

Em 2009, a Usiminas iniciou um processo onde boa parte dos contratos de manutenção, grandes reparos, entre outros, foram repassados para a Usiminas Mecânica, a Usimec. Na oportunidade, os trabalhadores da empresa, antes detentora do contrato, foram todos, praticamente, absorvidos pela Usimec. O processo agora é inverso. A Usimec vem perdendo esses contratos para outras empresas e isso significa demissões, que já tiveram início.

Já avisamos a empresa e denunciamos ao Ministério Público do Trabalho que, demissões em massa, geram intranquilidade, clima propício para novos acidentes.

Os trabalhadores devem se unir ao Sindicato para evitar o que aconteceu entre 2008 e 2009 (demisão em massa), e que gerou muitos acidentes.



Proposta visa garantir a Saúde e Segurança dos trabalhadores

Na última quinta-feira, 24, o Sindicato realizou uma assembleia na portaria da Usiminas, onde quatro sindicatos (Metalúrgicos de Campinas, São José dos Campos, Limeira e o nosso), lançaram conjuntamente uma proposta a respeito do tema.

1º- Queremos a inversão da política praticada atualmente;

2º- Acesso à questão da saúde dos trabalhadores com o Sindicato acompanhando a evolução de cada um dos indivíduos no decorrer do desenvolvimento de suas atividades (o que altera ou o que se mantém normal).


Só assim será possível a prevenção de problemas crônicos e até de simples solução, desde que detectado a tempo.

Esta semana encaminhamos ofício à direção da empresa solicitando a inversão da política de saúde e segurança. Informamos também a decisão dos trabalhadores de conceder uma prazo de 30 dias para sua implantação.

Nossa proposta consiste na elaboração de baixo para cima, ou seja, com os trabalhadores se reunindo mensalmente, levantando às necessidades e ações que serão implementadas e encaminhadas para seus superiores. Os resultados serão verificados mais a frente. Mas os exemplos que temos, são animadores.



Você não está só. A luta é simultânea

Ações semelhantes a realizada no dia 24, também ocorreram em Campinas no dia 25, quando trabalhadores em empresas como a Toyota, Magneti Marelli, Mabe (unidades de Campinas e Hortolândia), e Malhe Auto Peças, de Indaiatuba, tiveram o início de suas atividades atrasadas para que os sindicatos pudessem informar aos trabalhadores a nova proposta. Esses trabalhadores também são acometidos por doenças ocupacionais, semelhantes aos nossos, e enfrentam problemas como o reconhecimento, tanto por parte da empresa como do INSS.

No dia 28 (segunda-feira), foi a vez de São José dos Campos e Rio Claro, onde duas importantes empresas (Wirpool e Brascabos, fabricante da linha branca), tiveram suas atividades atrasadas. Lá, os trabalhadores sofrem dos males já citados anteriormente. Além disso, a alta rotatividade da força de trabalho resulta no “descarte” de trabalhadores a partir dos 28, 30 anos de idade.

Em São José dos Campos, a discussão foi numa importante montadora, a General Motors do Brasil. Os trabalhadores da GM, além de enfrentarem alta incidência da LER/DORT, são vítimas de acidentes graves como aqui na Usiminas.

Desta forma concluímos que Saúde e Segurança tornaram-se um problema no mundo inteiro, com o capital explorando todo o potencial humano para depois descartar. Essa luta está apenas no início. Se não for levada à sério, ações mais contundentes e simultâneas ocorrerão nas bases dos quatro sindicatos.



Zé Protesto

“Zé, não dá mais para aguentar a Sankyu e seu presidente. Chega de salário baixo e material absurdamente quente, acima de 50 graus. Cadê as normas?”
- Vamos notificar ao Ministério Público do Trabalho a desumanidade que a Sankyu vem fazendo com os trabalhadores.
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“Zé, na Aciaria, nos conversores Turma A, tá difícil a situação. Os trabalhadores estão sem rendição (não tem gente para a hora de descanso), o lanche ( um sanduíche), é uma porcaria.”
- A paciência esgotou. Providências serão tomadas o mais breve possível.
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“Zé, na Sankyu os trabalhadores são obrigados a trabalhar com as cabines abertas porque não tem ar condicionado. O mesmo problema acontece com os operadores de carrier na Harsco que têm que transportar escória em alta temperatura. ”
- Falta de respeito e desumanidade não podem fazer parte da rotina dos trabalhadores.
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“Zé, o banheiro da Delta não tem sabonete, papel higiênico, os armários estão quebrados e está sempre sujo. Prá piorar, nem água potável é servida no local”
- Será que a Usiminas sabe que existe um chiqueiro na área?

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