O Metalúrgico #355

23 de abril de 2015

Índice:

-Não foi apenas um “incidente”;
-A Usiminas, como fez em todos os outros acidentes, impede uma fiscalização pra valer;
-Assim age a Usiminas: “é só mais um trabalhador e a produção não pode parar”;
-E isso só vai piorar se não colocarmos a revolta em movimento;
-E nossa luta se amplia contra o projeto dos patrões sobre a terceirização;



Não foi apenas um “incidente”

Foi uma morte provocada pelas condições de trabalho imposta pela Usiminas que não usina só aço, mas vidas.

Não esquecer e lutar é mais que um direito, é a forma de defender a vida, os direitos, a recuperação e o aumento dos salários


Já faz mais de 15 dias que nosso companheiro André, de 29 anos, morreu vítima das condições assassinas de trabalho impostas pela Usiminas. André trabalhava na Enesa, empresa terceirizada que foi chamada para realizar manutenção no LTQ2, no dia seguinte que os trabalhadores da manutenção da Usiminas tinham sido obrigados a dobrar a jornada.

A Usiminas, como em todos os outros acidentes graves e fatais, tenta de tudo para esconder que foram as condições de trabalho impostas por ela mesma que provocaram mais esse acidente que levou a vida de mais um trabalhador.

O acidente que vitimou André aconteceu quando faziam a desconexão da mangueira do cilindro de acionamento da tampa da descarepação, na Laminação de Tiras a Quente 2. A peça que pesa aproximadamente 40 toneladas atingiu André por duas vezes.



A Usiminas, como fez em todos os outros acidentes, impede uma fiscalização pra valer

A empresa fez de tudo para que os diretores do Sindicato não conseguissem ter acesso ao local do acidente e, além disso, tenta colocar nas costas dos trabalhadores a responsabilidade por mais uma morte provocada pelo sucatão em que se transformou a usina pelas ações promovidas pela direção da Usiminas.

Dias antes de mais essa tragédia que matou André, nós já tínhamos denunciado a propaganda enganosa da Usiminas sobre o setor de “LTQ2”(Boletim 353). Esse acidente mostrou que a “alta tecnologia”propagandeada pela Usiminas significa mais acidentes e mortes.

A pressão por mais produção é grande nas áreas, ao mesmo tempo em que a situação em cada área é de barbárie total: falta manutenção nos equipamentos, são peças caindo sobre os trabalhadores, carros torpedos descarrilados, incêndios em pontes rolantes como aconteceu recentemente na Aciaria, vazamentos em tubulações e rompimentos de cabo de aço com prazos de validade há tempos vencidos.



Assim age a Usiminas: “é só mais um trabalhador e a produção não pode parar”

São 56 trabalhadores que morreram dentro da Usiminas nas últimas duas décadas. A maioria desses trabalhadores trabalhava nas empresas terceirizadas, as condições de trabalho que pioram a cada dia para todos os trabalhadores na produção é ainda pior para quem está nas contratadas pela usina.



E isso só vai piorar se não colocarmos a revolta em movimento

Hoje é dia de assembleia, uma assembleia que trouxe companheiros metalúrgicos de outras regiões e também companheiros de outras categorias que se organizam na Intersindical, demonstrando a importância da necessidade de ampliarmos a mobilização dentro da usina em defesa da vida, por respeito e ampliação dos direitos e contra o arrocho nos salários provocados pela Usiminas

Participar das assembleias na portaria e no Sindicato, participar das mobilizações em defesa da vida, por melhores condições de trabalho, por direitos e salários, além de ser um direito é a principal arma que temos contra a barbárie provocada pela Usiminas.

Além de denunciar a conivência do Ministério do Trabalho que até agora nada de concreto fez e assim se torna cúmplice da barbárie, também encaminhamos ação judicial no Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo sobre a grave situação que atenta contra a saúde e vida dos trabalhadores. Mas só isso não basta, pois a principal forma de pressão é nossa luta.

Não vamos permitir que tentem transformar em coisa natural o ataque diário a vida dos trabalhadores.

Em defesa da vida e dos direitos, vamos ampliar a luta em cada local de trabalho. Participe da mobilização chamada pelo Sindicato!



E nossa luta se amplia contra o projeto dos patrões sobre a terceirização

A luta para barrar o Projeto de Lei da terceirização e contra o pacote do governo Dilma que ataca direitos como seguro-desemprego, abono salarial, auxilio doença, pensão se amplia.

No estado de São Paulo, o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região junto com a Intersindical organizaram a mobilização que paralisou a produção da Toyota e Mercedes por 24 horas e atrasou a produção na Honda. Em Limeira, os metalúrgicos organizados com o Sindicato e a Intersindical realizaram assembleia com atraso na produção na empresa Brascabos, Whirlpool e Weiller. Em Vinhedo, junto com a Intersindical, o Sindicato dos Químicos com os trabalhadores atrasou a produção na empresa Rei Abrasivos e na Alcar. Os trabalhadores se encontram em passeata e seguiram até a avenida principal da cidade.

Em Santa Catarina realizamos manifestações em Blumenau, organizados com o Sindicato dos Bancários, os trabalhadores paralisaram as atividades no Bradesco e junto ao Sindicato dos Têxteis, realizamos assembleia com atraso na produção na empresa Hering. No Rio Grande do Sul, na região do Vale do Caí realizamos assembleia com atraso na produção em empresas do ramo plástico. No Paraná a Intersindical junto com o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Sindicato do Magistério Municipal entre outros organizou manifestação na sede central dos Correios.

Em Minas Gerais, na cidade de Ipatinga junto com o Sindipa, realizamos panfletagem conversando com os trabalhadores na Usiminas sobre a necessidade de ampliar a luta contra a terceirização e o pacote do governo Dilma.

Esses são alguns dos exemplos das manifestações realizadas na semana passada contra o Projeto de Lei dos patrões que defende a terceirização.

E aqui em nossa região, principalmente na Usiminas é hora de ampliarmos essa luta, pois aqui está um das maiores demonstrações do significa a terceirização: mortes, menos direitos, menos salários.

Juntos com nossa classe em luta , enfrentamos o ataque dos patrões e seus governos

+ boletins